A edição 2015 da BTO (Buy Tourism Online) que aconteceu nos dias 2 e 3 de dezembro foi a melhor de sempre. Aliás, felizmente, a cada ano a organização da BTO consegue se superar. O nível dos palestrantes era altíssimo, os assuntos interessantes, as oportunidades imensas. Não dá para não sair de lá sem novos contatos, novas idéias, quem sabe novos parceiros.

A BTO é um evento para quem trabalha no mercado turístico: das empresas que atendem turistas (hotéis, guias de turismo, empresas de transfer) e entes públicos aos fornecedores dessas empresas e entes (agências de marketing e freelancers, empresas de comunicação e tecnologia que prestam serviços que vão da realização de sites e consultoria em social media até a análise dos dados, big data, e planejamento de novas estratégias para conquistar e manter mercado).
Tenho certeza que cada um sai da BTO com uma experiência diferente (e em geral positiva) porque existem eventos para os diversos gostos, expectativas e níveis de conhecimento que acontecem contemporaneamente. Às vezes é até difícil escolher o que deixar de fora. Abaixo destaco o que mais gostei da BTO em 2015.
O melhor da (minha) BTO 2015
Facebook: da inspiração de novas viagens até o momento da reserva
O melhor evento em absoluto que assisti aconteceu no primeiro dia: “Every little thing she does is magic” com a responsável do setor de viagens do Facebook na Europa, Dorianne Richelle. Em primeiro lugar preciso dizer que é um prazer ver uma mulher no palco, representando uma das maiores empresas do mundo e, claro, arrasando na apresentação.

Dorianne Richelle começou explicando coisas simples como por exemplo que comprar viagens é algo muito mais complexo do que comprar um livro ou vestido porque envolve uma série de detalhes. Só para a compra das passagens o usuário tem uma série de escolhas a fazer: passagem em primeira classe, em business class, em econômica… e assim sucessivamente em cada etapa, do hotel e deslocamentos até os passeios.
Richelle também falou da história do Facebook: do primeiro site “The Facebook” a uma mega empresa que hoje chegou a 1,49 bilhões de usuários no Facebook, 900 milhões no Whatsapp, 850 milhões em Groups, 700 milhões no Messenger, 400 milhões no Instagram.
Uma comunidade enorme interessada em viagens: turismo é o principal setor dentro do facebook. O Facebook inspira, ajuda a reservar, é um instrumento de customer care. E não dá para menosprezar a importância dos smartphones na hora das reservas (os usuários geralmente começam pesquisando no celular ou tablet e depois vão para o desktop para reservar).
Dos 7,6 bilhões de euros investidos em marketing na Itália em 2014 apenas 0,3 bilhões foram investidos em publicidade para celulares
Apesar de números tão impressionantes, o budget para publicidade online ainda é ínfimo em comparação com TV e outras mídias: em 2014 dos 7,6 bilhões de euros investidos em marketing na Itália apenas 0,3 bilhões foram investidos em publicidade para celulares. E olha, que a atenção dos usuários de smartphones é bem maior do que dos usuários da TV (o usuário de TV é “distraído” o dos smartphones são “ativos e com atenção ao que vêem).
Abro uma parênteses do ponto de vista blogger: é um prazer ver a Sra. Facebook incentivando o pessoal a anunciar na web, por mais que web e smartphone/facebook não sejam a mesma coisa. Me lembrei do Melvin Böcher que sempre repete que os blogueiros de viagem devem se unir e valorizar o próprio trabalho, inclusive ensinando o mercado como pode ser vantajoso investir na web (blogueiros) invés das mídias tradicionais.
Airbnb: uma nova forma de viver o turismo (e as cidades turísticas)

Além do Facebook, outras grandes empresas do momento tiveram seus representantes no palco como Airbnb: o country manager da empresa, Matteo Stifanelli, martelou o fato de que o Airbnb oferece acomodação em áreas onde antigamente não existiam hotéis, geralmente nos arredores das grandes cidades turísticas, e de como isso pode ser uma vantagem para descentralizar o turismo, especialmente em cidades super turísticas como Veneza e Florença já que o viajante pode viver os arredores da cidade, valorizando um território até então menos explorado e gerando riqueza.
Uber: investindo na segurança dos usuários
Também teve no palco da BTO a polêmica Uber: assisti ao bate papo de Tomaso Rodriguez (Operations & Logistics Manager da Uber) com o Sr. PhoCus Wright, Philip Wolf, onde falaram de tudo: da segurança dos usuários (Rodriguez fez questão de destacar que a Uber se preocupa muito com a segurança do serviço que oferecem) até o futuro da empresa. Wolf fez uma comparação com a Amazon, que um dia só vendia livros, para questionar se um dia a Uber poderá oferecer mais do que transporte de pessoas: “sim, se você consegue entregar um carro em 5 minutos, tem muitas outras coisas que você consegue fazer”.
Felicidade na BTO
Se a BTO é ótima porque dá a possibilidade de entrar em contato direto com super empresas como Facebook, Uber e Airbnb, também dá espaço para palestras inspiradoras.
Nesse quesito me sinto privilegiada por ter encontrado lugar na primeira fila de uma #hall1 lotadíssima para assistir Carlo Petrini, fundador do movimento Slow Food e eleito pelo Guardian em 2008 “uma das 50 pessoas que podem salvar o planeta”, entrevistado pelo jornalista do TG2 Marcello Masi.

Petrini falou muito da geração Master Chef que espetaculariza a gastronomia de uma forma prejudicial ao turismo (e à felicidade). Ele destacou o fato que os jovens de hoje querem se tornar chefs mas não tem a menor idéia de como funciona a cozinha de um restaurante. E, segundo ele, não dá para falar em gastronomia sem levar em conta a fileira completa: a agricultura, território onde são produzidos os alimentos, o contato com as tradições locais. É preciso valorizar os produtos locais, o artesanato, as pequenas comunidades. Ele chegou inclusive a falar sobre o Brasil e recomendar uma “feijoada em uma favela carioca” como experiência de viagem autêntica. 🙂
Turismo como instrumento de paz e de compreensão pede Carlo Petrini #bto2015 #focushall1 pic.twitter.com/NcFIbU5fzG
— brasilnaitalia (@brasilnaitalia) 3 dezembro 2015
“Em uma sociedade feliz a economia deveria ser um meio e não um fim e é necessário partir das pequenas coisas porque na última viagem (morte) o dinheiro não serve” – explicou Petrini. E concluiu dizendo que o “turismo deve ser usado como instrumento de paz e compreensão”.
Um pouco de silêncio faz bem
Será que estamos exagerando com o storytelling? “Vamos para uma cidade e já sabemos tudo do lugar, sobra pouco espaço para a descoberta” – disse Gianluigi conhecido no Twitter como Insopportabile. E convidou: “não é necessário preencher todas as pausas”. Segundo ele, “às vezes é melhor ostentar menos, falar menos do que exagerar”.
Relax e encontros na BTO
A BTO pensa em tudo: inclusive nos momentos de pausa para recarregar as baterias (entenda como quiser). Uma ótima desculpa para bater papo com amigos, conhecidos e fazer novos encontros. Olha eu aproveitando um desses momentos…
Sono alla relax recharge area 😉 #bto2015 #firenze #recharge #Toscana Una foto pubblicata da Barbara Bueno (@brasilnaitalia) in data:
São tantos eventos legais que é difícil até escolher: ainda bem que depois no site oficial da BTO eles colocam um “rewind” com as apresentações e alguns vídeos. Este ano dediquei pouco tempo aos eventos de tipo “cassetta degli attrezzi” (eventos formativos) e com informações sobre territórios (só abri exceção para o Mugello na Toscana, com os ótimos Valentina Dainelli e Filippo Giustini).
Por exemplo gostaria de ter visto a apresentação sobre Corleone. Durante o meu grand tour de 3 meses na Sicília no último verão, eu estava fazendo um passeio até Ficuzza e na volta resolvemos visitar Corleone… mas chegando lá achei tudo meio sem graça e fui embora pensando: “putz, Corleone não tem nada! Que perda de tempo!”. Daí a minha curiosidade: certamente deve ter algo de muito interessante para virar palestra da BTO. Vou ficar de olho.
Vida longa à BTO!
Como sempre um obrigada a organização. A BTO continua top, um evento que vale a pena incluir na agenda: em 2016 tem mais!
Deixe um comentário