21/10/2025 – Empreender na Itália é uma aventura que exige determinação, criatividade e uma grande capacidade de adaptação. No entanto, o maior desafio nem sempre está em conquistar clientes ou administrar a concorrência — muitas vezes, o obstáculo vem das próprias instituições. As regras mudam com tanta frequência que planejar a longo prazo se torna um exercício de fé.
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A incerteza fiscal dos aluguéis de curta duração
Na primeira versão da nova Legge di Bilancio (Lei de Orçamento), o governo italiano incluiu uma proposta para aumentar de 21% para 26% a cedolare secca, o imposto fixo sobre os rendimentos de locação de curta duração. A medida, ainda em fase de discussão, atinge tanto proprietários quanto intermediários e gestores de plataformas digitais.
Mesmo sem ter sido aprovada, a simples proposta já causa insegurança entre quem atua no setor. Muitos empreendedores investiram em imóveis com base em uma carga tributária estável, e mudanças repentinas afetam diretamente a rentabilidade e o planejamento financeiro. Esse tipo de incerteza — especialmente em um momento de recuperação do turismo — pode desestimular novos investimentos e gerar um efeito em cadeia em toda a economia local.
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O caso de Florença e o impacto das decisões locais
No âmbito municipal, o cenário não é diferente. Em Florença, uma recente decisão da prefeitura proibiu a circulação de caddy, risciò e golf car na área Unesco — o coração histórico da cidade. O novo regulamento, em vigor desde 15 de outubro de 2025, levou dezenas de trabalhadores e pequenas empresas a protestarem diante do Palazzo Vecchio ontem.
Segundo os operadores, a proibição não apenas limita o turismo, mas também afeta o transporte de pessoas com mobilidade reduzida, que dependiam desses veículos para circular pelo centro histórico. Cerca de vinte empresas já recorreram à Justiça, pedindo indenizações milionárias e alegando que o decreto inviabiliza atividades que existiam há anos.
Um dos manifestantes relatou à nossa redação que, no ano passado, investiu algumas centenas de milhares de euros em uma atividade que este ano praticamente perdeu o sentido de existir devido às novas regras impostas pelo governo local. “Planejamos tudo acreditando em um mercado estável, mas agora o investimento se tornou inútil”, lamentou.
A administração municipal, por sua vez, sustenta que a medida busca proteger o patrimônio histórico e reduzir o impacto do turismo de massa. O resultado, no entanto, é um impasse: de um lado, empreendedores que se sentem penalizados por decisões abruptas; de outro, autoridades que defendem intervenções em nome da sustentabilidade urbana.
Regras que mudam, confiança que se perde
Tanto no plano nacional quanto no local, o problema é o mesmo: a instabilidade normativa. Cada nova regra, decreto ou alteração fiscal — mesmo quando bem-intencionada — gera um clima de incerteza que dificulta a vida de quem quer empreender de forma legítima e sustentável.
A Itália continua sendo um país de enorme potencial, com talento humano, criatividade e um setor turístico vibrante. Mas enquanto as mudanças de direção forem tão frequentes e imprevisíveis, empreender continuará sendo uma corrida de obstáculos. O país precisa de políticas estáveis, transparentes e coerentes com a realidade de quem trabalha — não de surpresas a cada nova manovra.


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