30/09/2025 – Nove grandes bancos europeus uniram forças para lançar uma stablecoin em euro, em conformidade com a regulamentação europeia MiCAR, com previsão de emissão na segunda metade de 2026. O anúncio oficial foi feito no dia 25 de setembro de 2025, em Milão, e representa um passo importante para a criação de um padrão europeu confiável no universo dos pagamentos digitais.
Índice
Quem está por trás da iniciativa
O consórcio é formado por instituições de peso no cenário financeiro internacional: ING, Banca Sella, KBC, Danske Bank, DekaBank, UniCredit, SEB, CaixaBank e Raiffeisen Bank International.
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Juntas, essas instituições criaram uma empresa com sede nos Países Baixos, que buscará licença como instituto de moeda eletrônica sob a supervisão do Banco Central holandês.

A estrutura permanece aberta para a adesão de outros bancos, e a nomeação do futuro CEO dependerá da aprovação dos reguladores. O movimento mostra a disposição de criar um polo europeu capaz de competir com o mercado de stablecoins dominado até agora por empresas dos Estados Unidos.
Como funcionará a stablecoin
A nova moeda digital terá liquidação quase instantânea e custos reduzidos, permitindo pagamentos internacionais 24 horas por dia, sete dias por semana. Entre os benefícios destacados estão a possibilidade de pagamentos programáveis, maior eficiência na gestão da cadeia de suprimentos e soluções inovadoras para o mercado de ativos digitais, abrangendo tanto títulos quanto criptomoedas.
Com a regulação do Markets in Crypto-Assets Regulation (MiCAR), a stablecoin pretende trazer confiança e previsibilidade para consumidores, empresas e governos, oferecendo uma alternativa sólida ao dólar e às stablecoins já existentes no mercado.
A visão de futuro para a Europa
Para Fiona Melrose, responsável pela área de Estratégia e ESG do UniCredit, a iniciativa reforça a importância de uma Europa unida em torno da inovação financeira:
“Entrando a fazer parte deste consórcio de bancos europeus líderes, contribuímos para responder à necessidade de uma solução confiável e regulamentada para pagamentos e liquidações on-chain, abrindo caminho para um novo padrão no setor dos ativos digitais. Isso apoiará o crescimento e a soberania financeira da Europa.”
Além de se posicionar como uma resposta europeia às stablecoins americanas, a iniciativa pretende criar serviços de valor agregado, como carteiras digitais dedicadas e soluções de custódia, ampliando as oportunidades no ecossistema blockchain.
O contraste com o domínio da Tether
Enquanto os bancos europeus trabalham para lançar sua própria stablecoin, o mercado global já é dominado pela Tether, cujo valor segue disparando. Segundo a Bloomberg, a empresa prepara um novo maxi collocamento de 20 bilhões de dólares que elevaria sua avaliação para cerca de 500 bilhões de dólares, colocando-a no mesmo patamar de gigantes como SpaceX, de Elon Musk, e OpenAI, de Sam Altman.
A Tether, fundada em 2014 pelo italiano Giancarlo Devasini, é a emissora da stablecoin mais negociada no mundo, o USDT, atrelado ao dólar americano. Ex-cirurgião plástico nascido em Turim, Devasini transformou-se em um dos maiores nomes da criptoeconomia global. Estima-se que sua fortuna pessoal possa chegar a 250 bilhões de dólares, o que o colocaria entre os homens mais ricos do planeta, ao lado de figuras como Larry Ellison, Mark Zuckerberg, Elon Musk e Jeff Bezos.
Hoje, a Tether tem mais de 170 bilhões de USDT em circulação, usados como ponte entre moedas virtuais e pagamentos no mundo real. A valorização recorde da empresa não só reforça o papel central da stablecoin americana no sistema financeiro digital, mas também evidencia o desafio que a Europa terá pela frente ao tentar criar uma alternativa em euro capaz de disputar espaço em um mercado já tão consolidado.


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