Diamantes: um mercado em crise? A desvalorização da De Beers e a Anglo American

21/02/2025 – O mercado de diamantes vem enfrentando desafios crescentes nos últimos anos, e a recente desvalorização da De Beers, anunciada pela Anglo American, reforça um cenário preocupante para o setor.

A mineradora britânica revelou um prejuízo de US$ 3,1 bilhões, impulsionado por uma nova baixa contábil de US$ 2,9 bilhões na De Beers, cujo valor de livro caiu para apenas US$ 4 bilhões – informa o jornal italiano Il Sole 24 Ore. Essa crise evidencia não apenas dificuldades momentâneas, mas também mudanças estruturais que ameaçam a tradicional indústria de diamantes naturais.

A crise da De Beers e a estratégia da Anglo American

A Anglo American, que controla 85% da De Beers (os outros 20% pertencem ao governo de Botswana), busca se desfazer do negócio de diamantes, mas a venda não deve ocorrer antes do segundo semestre de 2025. O CEO Duncan Wanblad afirmou que a empresa pretende focar em metais estratégicos, como cobre e ferro, que oferecem maior rentabilidade e são essenciais para a transição energética global.

A dificuldade na separação da De Beers reflete o colapso do valor dos diamantes naturais.

Nos últimos dois anos, os preços das pedras brutas caíram cerca de 50%, enquanto as lapidadas perderam 35% de seu valor.

Essa tendência de queda se deve a múltiplos fatores, incluindo o crescimento das gemas sintéticas, a desaceleração econômica da China e um modelo de negócios tradicional que parece não se sustentar diante das novas dinâmicas do mercado.

A ascensão dos diamantes sintéticos

Como já abordamos no artigo “Os diamantes não são assim tão raros“, a escassez dos diamantes naturais é mais um mito construído ao longo do tempo do que uma realidade.

A De Beers, historicamente, controlou o mercado restringindo a oferta para manter os preços elevados. No entanto, a ascensão das gemas sintéticas abalou essa estratégia.

Produzidos em laboratório com as mesmas propriedades químicas e físicas dos naturais, os diamantes sintéticos oferecem uma alternativa muito mais acessível e sustentável, conquistando espaço no mercado de luxo e, principalmente, em setores industriais.

Os consumidores mais jovens, especialmente nos Estados Unidos e na Europa, demonstram uma crescente preferência pelos sintéticos, que têm um impacto ambiental menor e um preço mais competitivo.

Com essa mudança de comportamento, a De Beers, que sempre buscou desqualificar os diamantes de laboratório, precisou se adaptar e lançou sua própria linha de gemas sintéticas, Lightbox Jewelry. Contudo, a estratégia de manter um diferencial de preço entre os naturais e os sintéticos não tem sido suficiente para conter a queda no valor das pedras extraídas da terra.

Dados recentes e mudanças no mercado

Em 2024, a De Beers enfrentou um mercado extremamente desafiador, com queda nas vendas e redução da produção. Segundo dados do relatório oficial da empresa, o comércio de diamantes brutos permaneceu fraco devido ao alto nível de estoque no setor intermediário e à queda na demanda dos consumidores chineses.

No primeiro trimestre de 2024, houve sinais de recuperação devido à interrupção temporária das importações de diamantes brutos pela Índia no final de 2023 e à melhora na demanda após as vendas de fim de ano nos EUA.

Entretanto, no segundo trimestre, o estoque de diamantes lapidados aumentou drasticamente, reduzindo a demanda por pedras brutas.

Durante o terceiro trimestre, as vendas continuaram abaixo do normal, levando muitos produtores a adiarem ou cancelarem eventos de vendas e a oferecerem mais flexibilidade aos compradores.

No final do ano, o estoque começou a estabilizar e os preços dos diamantes polidos mostraram sinais de recuperação.

A produção da De Beers caiu 22% em 2024, totalizando 24,7 milhões de quilates. Em Botswana, a produção foi reduzida em 27%, enquanto no Canadá houve uma queda de 16%. Por outro lado, a produção na África do Sul subiu 8%, devido ao avanço da mineração subterrânea na mina Venetia.

Diamantes: um mercado em crise? A desvalorização da De Beers e a Anglo American - imagem ilustra o mercado de diamantes

Apesar da tentativa de limitar a produção, a De Beers viu sua receita cair 23% em 2024, atingindo US$ 3,3 bilhões, com uma redução de 25% nas vendas de diamantes brutos. O preço médio realizado aumentou 3%, mas o índice de preços dos diamantes caiu 20% em relação a 2023. Como resultado, o EBITDA da empresa foi de US$ -25 milhões, em comparação com um saldo positivo de US$ 72 milhões no ano anterior.

A De Beers anunciou recentemente sua estratégia “Origins”, que busca reduzir custos em US$ 100 milhões e focar em quatro áreas principais: investimentos estratégicos na mineração, integração do setor intermediário para maior eficiência, reposicionamento de suas marcas, e reavaliação da produção de diamantes sintéticos. A Lightbox, sua divisão de gemas sintéticas, suspendeu temporariamente a produção para joalheria, enquanto a Element Six continuará investindo em soluções tecnológicas com diamantes sintéticos.

O futuro do mercado de diamantes

O futuro da De Beers e do mercado de diamantes naturais permanece incerto. Mesmo com tentativas de limitar a produção e controlar a oferta, os preços continuam caindo, indicando que a era do monopólio da De Beers pode estar chegando ao fim. Se a Anglo American conseguir vender a empresa, possivelmente a um preço reduzido, será um sinal definitivo de que os diamantes não são mais a aposta lucrativa que foram no passado.

Enquanto isso, o mercado se ajusta a uma nova realidade onde o brilho dos diamantes sintéticos pode ofuscar de vez a exclusividade dos naturais. A questão que fica é: até que ponto os consumidores continuarão dispostos a pagar mais por uma pedra apenas por sua origem natural?

Leia a versão em inglês deste artigo aqui: Diamonds Are Not That Rare


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