A Itália é um dos países mais visitados do mundo, mas paradoxalmente, o setor do turismo — que movimenta milhões de euros todos os anos — sofre com a falta de trabalhadores. Hotéis, bares e restaurantes têm dificuldade em encontrar pessoal qualificado. E a pergunta que muitos fazem é: como é possível faltar gente num país com tanto desemprego?
A resposta, segundo os sindicatos, é simples: os salários são baixos, os horários são insustentáveis e as condições de trabalho estão longe de serem atraentes.
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Salários congelados e lucros em alta
De acordo com o sindicato Uiltucs Liguria, o setor emprega mais de 81 mil pessoas apenas na região da Ligúria, mas a maioria em condições precárias. Desde 2007, os salários no turismo cresceram apenas 25%, enquanto na indústria o aumento foi de 45%. Ou seja: quem trabalha no turismo ganha cada vez menos em termos reais.

“O problema é estrutural”, afirma o secretário Marco Callegari. “As empresas aumentaram os preços e os lucros, mas os funcionários só começaram a ver reajustes salariais no final de 2024, após anos de estagnação.”
Em outras palavras, enquanto o turista paga mais pela diária, o trabalhador continua recebendo quase o mesmo — uma equação que não fecha.
Trabalhar quando os outros descansam
Outro motivo para o desinteresse é o ritmo de trabalho. O turismo exige disponibilidade nos fins de semana, feriados e à noite — justamente quando a maioria das pessoas quer descansar. São os chamados “orari antisociali”, como definem os italianos.
Além disso, o setor é conhecido por cargas de trabalho pesadas, baixa qualificação média (83,2% dos cargos) e contratos temporários ou irregulares. Isso significa que muitos profissionais passam meses sem saber se terão emprego no ano seguinte.
Trabalhar muito, ganhar pouco e sem garantia de futuro: não é de espantar que muitos procurem outras áreas.
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O turismo italiano precisa de um novo pacto
Os sindicatos defendem a criação de um pacto social que garanta salários dignos, oportunidades reais de crescimento e mais estabilidade. Sem isso, a Itália corre o risco de ver o turismo — um dos seus maiores orgulhos — se tornar insustentável do ponto de vista humano.
Porque o problema não é a falta de vontade de trabalhar. É a falta de condições para viver do próprio trabalho.
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