Crimes financeiros na Idade Média

Você sabia que foi na Italia da Idade Média e do início da Idade Moderna que surgiram as finanças e também os crimes financeiros? Saiba mais aqui.

A necessidade do dinheiro surgiu no final da Idade Média, com o aparecimento dos comerciantes e artesãos. Já falamos mais sobre isso neste post. Foram criadas as primeiras moedas e os primeiros bancos e, com eles, os primeiros criminosos financeiros.

Os primeiros crimes financeiros na Idade Média na Italia

Com o surgimento dos bancos, nascem os roubos e assaltos. Não apenas os roubos por distração, mas aqueles que incluem arrombar cofres e entrar nas caixas fortes do bancos. Ou quem sabe ameaçar o banqueiro ou transportadores do dinheiro e roubar a mercadoria preciosa.

Outro crime clássico é o da falsificação.

Um crime que, no entanto, não existe mais é o de raspar dinheiro.

Se hoje o dinheiro tem um valor simbólico, ou seja, uma nota de papel representa um valor; antigamente o dinheiro era feito com moedas realizadas com ouro ou prata.

Quando a moeda era feita com metais preciosos usava-se raspá-la para aos poucos recolher pequenos fragmentos de ouro ou prata que com o passar do tempo poderia significar uma bela soma.

O que acontecia com os criminosos financeiros na Idade Média

Em Veneza os crimes financeiros eram punidos rapidamente. O processo contra criminosos era realizado em um dia e a sentença poderia ser realizada no mesmo dia, sem nenhuma complicação burocrática e sem possibilidade de recorrer à sentença.

E as punições incluíam na maioria das vezes pena de morte, ou cegar os ladrões ou ainda diversos outros tipos de tortura física de acordo com a gravidade do crime. Era a Idade Média, não é mesmo?

E sabe onde os criminosos financeiros eram enforcados? Entre as duas colunas de São Marcos conhecidas como Colunas S. Marco e Tòdaro (veja foto abaixo)

Um dos golpes famosos da Idade Média aconteceu em 1382 e envolveu o banqueiro Gabriele Soranzo, um dos mais importantes e mais famosos banqueiros de Veneza naquela época.

Um belo dia três pessoas aparecem na casa do banqueiro Soranzo dizendo trazer uma carta do seu irmão Remigio, que naquela época estava em Pádua. Até aqui nada demais, porque naquela época não existia um correio tradicional e as notícias eram entregues para viajantes à caso, que deveriam entregar a correspondência em troca de um pequeno pagamento.

É claro que o sistema de entregas não era muito confiável e às vezes as pessoas enviavam diversas cópias através de diversos messageiros para terem certeza que pelo menos uma chegasse ao destinatário.

O banqueiro Soranzo desce as escadas do seu palácio para ser agarrado pelos três criminosos que o amarram e ameaçam matá-lo se ele gritasse ou chamasse socorro. E o roubam.

Não sabemos como os criminosos foram pegos, mas existem registros históricos que contam que o processo aconteceu em agosto e as sentenças foram executadas no mesmo dia. O chefe do trio, chamado Antonio di Nerio, foi transportado pela cidade até o lugar do delito. No caso específico de di Nerio não temos provas, mas naquela época era normal que durante o “passeio” por Veneza o criminoso fosse queimado com pinças em brasa, por exemplo.

Ao chegar na altura de Sant’Aponal, próximo a Rialto, cortam a mão direita de di Nerio e a penduram no pescoço. Depois vão para a frente do banco de Gabriele Soranzo e cortam a mão esquerda e essa mão também é pendurada no pescoço. Depois de uma série de pequenas torturas o criminoso é levado então até S. Marcos onde é enforcado entre as duas colunas de S. Marcos.

Não era fácil ser ladrão naquela época, hein? Se você achou o artigo sobre os crimes financeiros na Idade Média interessante compartilhe com seus amigos.

Essas e outras histórias podem ser encontradas no livro L’invenzione dei Soldi – Quando la finanza parlava italiano de Alessandro Marzo Magno.